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  • Foto do escritor: Gabriela
    Gabriela
  • 19 de jan. de 2021
  • 4 min de leitura

... continuação


Afrezza ficou aqui guardada um bom tempo sem uso e eu não me conformava em não conseguir usar uma insulina tão potente a meu favor. Tinha que ter algum jeito de usar.


Foi aí que descobri que os gringos costumavam "dividir doses". A gente abre o cartuchinho e simplesmente divide o pozinho branco em 2, 3 ou quantas vezes quiser, rsrsrs. Eu sei, parece loucura, não tem nada de preciso, não é aprovado pela fabricante. Mas eu sou a rainha do off-lable, não consegui usar Afrezza do jeito que é preconizado e não dava para desperdiçar um tesouro como este.



Depois que comecei a dividir as doses as Afrezzas voaram (literalmente para dentro do meu pulmão). O que não gastei em 3 meses, praticamente acabou em 1 mês.


Este foi o primeiro facilitador para que me tornasse possível o uso da Afrezza. Mas existem outros fatores importantes que fui descobrindo ao ouvir relatos de usuários ou com minha própria experiência de uso.








Vamos lá para mais observações relevantes, não necessariamente desvantagens da Afrezza.


  • Usar Afrezza é abrir a mente para uma nova maneira de usar insulina. Não vai rolar fazer aquela contagem de carboidrato bem rigorosa, calcular milimetricamente a quantidade de carbo e a dose de insulina equivalente. Aqui vos fala quem estava acostumada a usar microdoses de insulina na bomba (Ex: 0,3ui 0,5ui 1,7ui). Esta observação vale para bolus de refeição e para correção. Como tenho feito: divido meus cartuchos verdes de 8unidades em 3 doses e o de 4unidades em 2 doses.

Se a glicemia está entre 130-149 eu corrijo com 1/2 cartucho de 4unidades. Se está entre 150 e 169 eu corrijo com 1/3 do cartucho de 8un. Entre 170 e 200 eu corrijo com 1/3 de 8un e completo com 0,5ui de insulina injetável Fiasp. Acima de 200 eu corrijo com um cartucho de 4un e maior que 270 provavelmente corrigiria com um cartucho de 8un.


  • Inalar Afrezza para comida significa (quase que) obrigatoriamente usar uma 2ª dose aproximadamente 1:0 a 1:30h pós refeição. Os gringos chamam de "follow up dose" (dose de seguimento). Isto acontece porque a Afrezza tem um tempo de vida muito curto, o que tem suas vantagens, mas não consegue pegar toda a digestão dos alimentos. Fisiologicamente o pâncreas de um não diabético libera um quantidade grande de insulina assim que a pessoa come (chamado de 1ª fase) e depois mantém uma produção contínua e baixinha de insulina até que toda a comida tenha sido digerida (2ª fase). Como a Afrezza é muito curta ela não consegue imitar esta 2ª fase. Se não inalarmos a 2ª dose, a glicemia vai subir depois de 1:0 a 1:30h que comeu. Para quem usa sensor é fácil identificar a hora que a glicemia começa a subir, e aí é só inalar um segundo cartucho. No geral só tenho usado Afrezza para comida quando saio da minha dieta e vou comer muitos carbos. Nestes casos não posso esquecer a 2ª dose.

No gráfico: *azul pintado= ação da insulina fisiológica; *traçado roxo= ação Afrezza; *traçado preto= ação Insulina injetável.

No gráfico: *traçado roxo= glicemia ao inalar Afrezza; *traçado cinza= glicemia com insulina Asparte (injetável).




No final das contas, pela minha experiência e de vários usuários com quem conversei, Afrezza não é o tipo de insulina " tomou, esqueceu". Ela tem um tempo de ação muito similar a insulina fisiológica. Assim como o organismo de um não diabético precisa produzir insulina muitas vezes, você também terá que inalar Afrezza algumas vezes, principalmente em comidas com proteína e gordura. E na minha opinião ter um sensor de glicose é indispensável.

Em compensação após anos a fio, no aniversário da minha filha em Dezembro foi a 1ª vez que pude comer uma quantidade grande de carboidratos, sem me preocupar em contabilizar nada, só comer e inalar. E o melhor, ver um gráfico decente nas horas seguintes.


*** Opcionalmente encontrei uma outra maneira de usar Afrezza para refeições com muito carboidrato, aplicando um pouco de insulina injetável combinada com a dose. Em vez de usar a dose completa, faço metade da Afrezza e metade da Fiasp. Ex: se pelos cálculos dos carboidratos e da glicemia eu inalaria um cartucho de 8unidades (equivalente a 5ui injetável), em vez de inalar o cartucho de 8, eu inalo um cartucho de 4unidades de Afrezza + 2,5ui injetável Fiasp. Desta maneira estarei aplicando a mesma dosagem de insulina, porém a metade inalável cumprirá seu papel de cobrir o pico glicêmico da 1ª hora e a metade injetável (que tem efeito mais prolongado) conseguirá manter a glicemia estável com menor necessidade de fazer uma nova inalação de Afrezza subsequente.


Mais uma vez reforço que este texto é apenas o relato de como tem funcionado para mim o uso da Afrezza. Cada organismo tem suas particularidades e que funcionou para mim, não necessariamente funcionará para todos os diabéticos. Converse com seu endocrinologista antes de fazer qualquer alteração no seu tratamento, especialmente se não estiver apto ou seguro para testar formas extra-oficiais de uso desta insulina. No geral tenho gostado bastante de usa-la de maneira complementar a minha insulina injetável.





 
 
 
  • Foto do escritor: Gabriela
    Gabriela
  • 19 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Este post é um relato da minha experiência com Afrezza, insulina inalável produzida pela Mannkind Corp trazida para o Brasil pela Biomm. Descrevo a minha opinião pessoal, a qual jamais deverá substituir a orientação dada pelo seu médico quanto a indicação e formas de uso da insulina.



Afrezza é uma insulina inalável, isto mesmo, em vez da convencional insulina líquida que é aplicada com agulha, você suga um pó através de um dispositivo que parece um apito.


Por si só, o fato de não ser injetável já é uma característica inovadora e que desperta muita curiosidade. Mas para mim, que estou mais do que acostumada às injeções, a maior vantagem da Afrezza é a velocidade com que ela começa e para de funcionar no corpo.


De 12 a 15 minutos após inalada ela começa a agir e agir com muita intensidade. No meu corpo, em 1 hora ela já não tem mais efeito, evitando possibilidade de sobredose. Sabe quando aplicamos uma dose de insulina e ela não dá conta do recado? Aí você precisa esperar por pelo menos 3 horas para aplicar uma nova dose com segurança? Pois é, com Afrezza dá para reinalar uma nova dose depois de uma hora. E isto é incrível pois diminui consideravelmente o tempo fora do alvo após um pico glicêmico. E sobre a rapidez do início da ação, não tenho nem o que explicar. Vai-se embora aquele tempo de espera entre aplicação da insulina e começar a comer. Dá inclusive para comer tudo tranquilamente e só depois inalar a insulina.


Puxa, então é perfeita? Infelizmente não!

  1. Desvantagem #1: o preço. Afrezza vale ouro, literalmente, rsrsrs... Uma caixa com 180 doses custa mais de R$1000. Ainda não sei como tiveram a ideia de trazer uma insulina tão cara para nosso Brasilzão. É completamente fora da realidade para a imensa maioria dos brasileiros.

  2. Desvantagem #2: eu, e muitas pessoas, não conseguimos fazer o match dela com o tempo de digestão da comida. Ela é tão rápida e tão potente que, se minha glicemia estiver na meta antes de comer, na maioria das vezes a insulina é mais rápida do que a comida. Na prática, faço hipoglicemia antes da comida conseguir ser digerida. Rsrsrs... Especialmente porque como pouco carboidrato e de baixo índice glicêmico. As únicas situações que consegui usar para comida foram quando a glicemia estava um pouco alta no pré-refeicão (130 ou mais) ou quando comi uma grande quantidade de carboidrato. * Ou ainda usando uma estratégia que desenvolvi de combinar insulina inalável com injetável, comentarei a seguir.

  3. Desvantagem # 3: ela é vendida em 3 doses fixas.


  • 4 unidades (que equivale a 2,5ui injetável);

  • 8 unidades (equivalente a 5ui injetável);

  • 12 unidades (equivale a 7,5ui injetável).


Talvez para alguém que coma bastante carboidrato ou que seja menos sensível a insulina isto não seja um problema. Mas para a maioria das minhas refeições não preciso de 2,5 ui insulina injetável, quem dirá 5 e 7,5. E minhas hiperglicemias não costumam passar de 200 (mais comumente ficam por volta de 150-170), então mesmo para correção é uma dose muito alta.



Então, ora bolas, porque fiquei tão feliz quando ganhei uma caixa de Afrezzas no natal?

Em Agosto do ano passado ganhei da minha médica 90 doses de Afrezza para teste e minha primeira experiência com ela foi catastrófica. Tive uma hipoglicemia super sintomática, me tremi por inteiro e achei que fosse perder a consciência. Hoje desconfio que o tremelique e a sensação de desmaio foram mais por medo ao ver minha glicemia caindo 2 setas para baixo pelo Libre, hahaha. Porque efetivamente ela nem caiu para um número tão baixo. Glicemia em 78 caindo que nem meteoro, eu não pensei 2 vezes em tomar suco com açúcar. Kkkkkkkk...

Depois comecei a inalar Afrezza apenas alguns minutos após ter acabado de comer. Não tinha jeito, a glicemia caia, eu corrigia a hipo (mesmo com pouco carbo) e depois a glicemia subia horrores. Que diabos eu estava fazendo errado? Já tinha lido e pesquisado o relato de tantos usuários gringos, que falavam mil maravilhas dela... Kkkkkk


continua...

 
 
 
  • Foto do escritor: Gabriela
    Gabriela
  • 22 de mar. de 2018
  • 4 min de leitura

POST EM CONSTRUÇÃO - VERS 1

Como eu já havia falado no post anterior, o Blucon seria o transmissor que transformaria o Freestyle Libre em um CGM enviando os dados do leitor para um aplicativo de smartphone. E quais seriam estes aplicativos?



1) LinkBlucon (Android e IOS)

É o app oficial da Ambrosia Systems, a empresa que criou o Blucon. Somos levados a pensar que ele seria o melhor entre todos os apps compatíveis, já que foi criado especificamente para o Blucon, mas parece que isto não é verdade.

OS: Vou falar do que tenho ouvido pois nunca usei este app.

Abrindo umas aspas bem grandes:

Lembra do 1º post sobre o Freestyle Libre que comentei sobre um tal de algoritmo? O leitor oficial da Abott tem um algoritmo, um calculo matemático que tenta compensar qualquer variação ou atraso da glicose intersticial e deixar o valor que lemos na tela o mais próximo possível da glicose do sangue.

Ao transformar o Libre em um CGM automaticamente não usaremos o leitor oficial da Abott para visualizar o valor da glicose e portanto perderemos o “benefício” do algoritmo criado e patenteado pela Abott. Se pegarmos só os dados brutos que o sensor captura no liquido intersticial, teremos valores muito diferentes da glicose do sangue.

A maneira de contornar esta falta de algoritmo é usando um outro algoritmo (que não seja patenteado) ou fazendo calibrações, o que significa inserir no aplicativo algumas glicemias feitas com sangue (normalmente 2x ao dia) para tentar “ensinar”ao app como ler os dados brutos do sensor.

Os CGMS existentes hoje em dia (Dexcom e Medtronic) usam este sistema de calibrações. O que aparentemente seria uma desvantagem, pois a pessoa ainda teria que furar o dedo pelo menos umas 2x no dia, talvez torne o sistema mais acurado do que usando um calculo matemático.


Fecha aspas e voltemos para o aplicativo LinkBlucon.



O app da Ambrosia não usava sistema de calibrações quando foi lançado junto com o Blucon, ele aparentemente tinha um algoritmo próprio não muito bom ou informava o valor bruto da glicose intersticial (não sei informar qual das 2 opções). Portanto os valores que apareciam no LinkBlucon não eram tão acurados e confiáveis. A última atualização do aplicativo permite inserir calibrações, mas ele tem outros problemas que listarei a seguir:


A) Não tem conexão com um sistema chamado NightScout que manda as glicemias para um sistema de nuvem. O NightScout permite aos pais de crianças diabéticas que usam CGMs, acompanhar as glicemias dos filhos mesmo a distância.

B) É um pouco frustrante, mas ocasionalmente o sinal bluetooth pode falhar entre o Blucon e o smartphone. Isso porque o Blucon é um dispositivo para adaptação e infelizmente não é perfeito como um CGM de fábrica. Esta perda de sinal interrompe a leitura continua da glicemia e pode acontecer com qualquer um dos apps. Mas o problema com o LinkBlucon é que ele não reconecta automaticamente.



2) Glimp (Android)

Só funciona em celulares Android, foi desenvolvido por um grupo Italiano que assim como a Ambrosia Systems tentaram transformar o Freestyle Libre em um CGM. Antes do Blucon existir algumas pessoas usavam um outro dispositivo (o Sony Smartwatch 3) para fazer a vez do transmissor do Libre e o GLIMP foi criado para receber os dados enviados por este transmissor. Após a criação do Blucon, o Glimp foi atualizado para também ser compatível com ele. O Glimp:

  • Tem conexão com NightScout

  • Possui sistema de calibrações e portanto mostra valores de glicose mais acurados e bem mais próximos da glicose no sangue (muitas vezes até mais acurado do que os valores do leitor oficial da Abott)

aguarde post sobre o GLIMP


3) Xdrip+ (Android) e Spike (IOS).

Me parece que foram criados pelo mesmo grupo de pessoas. Não saberei falar sobre o SPIKE pois uso celular Android e nunca testei ele. Falaram-me que havia uma versão beta do Xdrip para o sistema IOS e que depois criaram o SPIKE para substitui-lo, mas não tenho certeza desta informação.

Conheci o aplicativo Xdrip há pouco tempo, quando recebi o meu Blucon, e estou gostando bastante dele. Foi muito bem recomendado e resolvi testa-lo embora já estivesse acostumada com o GLIMP. Ele também não foi criado para ser usado com o Blucon, já existia para gerenciar os dados de outros CGMs (Dexcom, Medtronic e etc), mas foi atualizado para se tornar compatível com o Blucon. Algumas características que consegui perceber neste pouco tempo de uso são:

  • Também tem conexão com o NightScout

  • Usa sistema de calibrações com glicemia capilar (ponta de dedo) e tem me mostrado valores incrivelmente acurados! OBA!!!!!

  • É similar ao Glimp nas funções básicas e essenciais, mas achei ele com design mais profissional, mais funcional, mais intuitivo e fácil de manusear.

  • Tem funções extras como: previsões de glicemia baseada na inserção dos carboidratos ingeridos e insulina aplicada, calibração automática através da importação de glicemias realizadas em glicosímetros tradicionais com função bluetooth (EX: Contour Next One, fora do Brasil)

aguarde post sobre o XDRIP+
assista AQUI o video (em inglês) do @diabetic_energetic sobre o SPIKE


OBSERVAÇÕES SOBRE TODOS OS APPS:

Todos os aplicativos possuem alarmes para informar quando a glicemia está acima ou abaixo da meta pré-estabelecida, afinal, eles fazem do Libre um CGM.

Algo que sinto falta no GLIMP e XDRIP é a opção de exportar os gráficos da glicemia em formatos imprimíveis e o tratamento dos dados para gráficos e tabelas que avaliem a glicemia de acordo com horários do dia, pre e pós refeições. Seriam dados muito relevantes para serem levados à minha médica. Não sei se o LinkBlucon e o Spike possuem estas funções. ANEXOS:

tabela1. Funcionamento do Freestyle Libre como um monitor Flash

tabela2. Funcionamento do Freestyle libre como um CGM (combo FSL + BLUCON + APP)

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© 2021. Meu Repositório de Informações Sobre DM1 por Gabriela Nogueira Porfirio.

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